terça-feira, 17 de abril de 2012

17/04/2012 08h00 - Atualizado em 17/04/2012 14h35 'Odeio o termo underground', diz cantor do Almah e do Angra

“A gente está vendo a morte do metal nacional – pra mim, morreu.” O diagnóstico desanimador foi dado em novembro passado por Edu Falaschi, o vocalista dos grupos de Angra e Almah, em entrevista a um site dedicado a esse segmento musical. Registrado em vídeo, o protesto gerou, naturalmente, controvérsia. Falaschi surge verborrágico e tenso: avança contra o que ele entendia como indiferença do público brasileiro, sempre disposto a conferir ao vivo os expoentes estrangeiros do estilo, mas em detrimento das formações nacionais.


O tom é consideravelmente distinto do que vemos num vídeo mais recente, divulgado na última semana. Neste, o cantor convoca fãs a comparecer no Metal Open Air, festival para o qual está escalado a tocar com o Almah, grupo que nasceu como projeto-solo, em 2006, e que no ano passado lançou o terceiro álbum. A exaltação do final de 2011 foi agora substituída por um relativo otimismo, na medida em que Falaschi crê que o evento nordestino irá “quebrar paradigmas e preconceitos”.

Em entrevista ao G1, por telefone, ele comenta o porquê da alteração de perspectiva. “Eu acredito que as coisas estão começando a mudar [no mercado]”, falou ele. “Eu tenho feito um tratamento de sete meses, para recuperar a voz. E esse tratamento, que tem também é um tratamento psicológico, me deu muito mais chão, tranquilidade.”
Após o Rock in Rio 2011, onde tocou com o Angra, Falaschi chegou a divulgar um comunicado sobre o tema. Dentre outras coisas, ele afirmou que seu trabalho no Angra – banda na qual ingressou em 2001, em substituição a Andre Matos – exigiu muito de suas capacidades, o que comprometeu sua voz. A necessidade do tratamento é decorrência também disso, esclarece o músico. A outra parcela, maior, tem a ver com questão psicológica, que também vem sendo trabalhada.
Nesta entrevista, o vocalista fala sobre esse problema e também sobre a repulsa que sente pelo termo “underground”, que usualmente se refere ao terreno habitado por bandas de menor expressão comercial. “Tenho orgulho de ter aprendido tudo que aprendi no underground. Mas tenho mais orgulho de ter conseguido sair”, observou ele. Leia, a seguir, trechos da conversa.
G1 – No vídeo em que você convoca os fãs a irem a São Luís, você parece mais tranquilo do que naquele de novembro do ano passado. Você agora fala estar “muito contente” com o Metal Open Air, que vai “quebrar paradigmas e preconceitos”. A que se deve esse otimismo?
Edu Falaschi –
 Na verdade, essa é uma boa pergunta (risos)... Eu acredito que as coisas estão começando a mudar [no mercado]. Esse otimismo é devido a várias coisas. Aquele momento [em novembro] foi uma explosão mesmo, de várias coisas que tinham acontecido, tensão dentro da banda em que eu trabalho, o Angra, pós-Rock in Rio – eu estava muito abalado, nervoso mesmo, cabeça quente. Acabei falando algumas coisas que realmente penso, mas de uma forma agressiva. Também teve a frustração de ver alguns amigos sofrendo, o pouco público, os shows mais vazios...
E, hoje em dia, tenho esperança que isso mude, porque algumas coisas aconteceram nesse meio do caminho. Tenho falado com alguns políticos, com algumas pessoas importantes, para, por exemplo, trabalhar em cima de uma baixa de IPI [imposto sobre produtos industrializados], para baratear o custo de instrumentos musicais, instrumentos de áudio... Obviamente, isso facilitaria para as casas noturnas terem equipamentos melhores, e as bandas teriam mais condições técnicas. Com certeza, ajudaria a atrair o público para os shows.

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